26 junho 2009

Ser motociclista

Difícil crer que seja possível preferir o desconforto de uma motocicleta, onde se fica instavelmente instalado sobre um banquinho minúsculo, tendo que fazer peripécias para manter o equilíbrio e torcendo para que não haja areia na estrada. Como podem achar bom transportar o passageiro, dito garupa, sem nenhum conforto ou segurança, forçando o coitado a agarrar-se à pança do motociclista, sujeitando ambos a toda sorte de desconfortos, como chuva, ou mesmo aquela "ducha" de água suja jogada pelo carro que passa sobre a poça ao lado, ou de ficarem inalando aquele mal cheiroso escapamento dos caminhões em uma avenida movimentada como a marginal Tietê, por exemplo, sem falar da necessidade de se utilizar capas, casacos e capacetes, mesmo naqueles dias de calor intenso. Isso tudo enquanto convivemos numa época em que os automóveis nos oferecem toda sorte de confortos e itens de segurança. Ar-condicionado, que permite que você chegue ao trabalho sem estar fedendo e suado; "air bags", barras laterais, cintos de três pontos, etc., que conferem ao passageiro uma segurança mais do que necessária; som ambiente; possibilidade de conversar com os passageiros (OS passageiros. ..) sem ter que gritar e assim por diante.
Intrigante personagem, esse tal de motociclista.
Apesar de tudo o que disse acima, vejo sempre em seus rostos um estranho e particular sorriso, que não me lembro de haver esboçado quando em meu carro, mesmo gozando de todas as facilidades de que ele dispõe. Passei, então, a prestar um pouco mais de atenção e percebi que, durante minhas viagens, motociclistas, independente de que máquinas possuíssem, cumprimentavam-se uns aos outros, apesar de aparentemente jamais terem se visto antes daquele fugaz momento, quando se cruzaramem uma dessas estradas da vida.
Esquisito...
Prestei mais atenção e descobri que eles frequentemente se uniam e reuniam, como se fossem amigos de longa data, daqueles que temos tão poucos e de quem gostamos tanto.
Senti a solidariedade que os une. Vi também que, por baixo de muitas daquelas roupas de couro pesadas, faixas na cabeça, luvas, botas, correntes e caveiras, havia pessoas de todos os tipos, incluindo médicos, juízes, advogados, militares, etc. que, naquele momento, em nada faziam lembrar os sisudos, formais e irrepreensíveis profissionais que eram no seu dia a dia. Descobri até alguns colegas, a quem jamais imaginei ver paramentados tão estranhamente.
Muito esquisito...
Ao conversar com alguns deles, ouvi dos indizíveis prazeres de se "ganhar a estrada" sobre duas rodas; sobre a sensação deliciosa de sefazer novos amigos por onde se passa; da alegria da redescoberta do prazer da aventura, independente da idade; e da possibilidade de se ser livre e alegre, rompendo barreiras que existem apenas e tãosomente em nossas mentes tão acostumadas à mediocridade.
Vi, ouvi e meditei sobre o assunto. Mudei a minha vida...
Maravilhoso personagem, esse tal de motociclista.
Muitas motos eu tive, mas jamais fui um verdadeiro motociclista, erro que, em tempo, trato agora de desfazer. Mais que uma nova moto, a moto dos meus sonhos..
Mais que apenas uma moto, o rompimento dos grilhões que a mim impunham o medo e o preconceito e que por tanto tempo me impediram de desfrutar de tantas aventuras e amizades.
Quem sabe o tempo que perdi e as experiências que deixei de vivenciar.
Se antes olhava-os com estranheza, mesmo sendo proprietário de uma moto (mas não um motociclista), vejo-os agora com profunda admiração e, quando não estou junto, com uma deliciosa pontinha de inveja.
O interessante, é que conheço pessoas que jamais possuíram moto, mas que estão em perfeita sintonia com o ideal motociclista.
Algumas chegam até mesmo a participar de encontros e listas dediscussão, não que isto seja imprescindível ou importante. O que importa é a filosofia envolvida.
Hoje, minha garupa e eu, montados em nossos sonhos, planejamos, ainda timidamente, lances cada vez maiores, sempre dispostos a encontrarnovos velhos amigos, que certamente nos acolherão de braços abertos.
Talvez, com um pouco de sorte, encontremos algum motorista que, em seu automóvel, note e ache estranho aquele personagem que, passando em uma motocicleta, com o vento no rosto, ainda que sob chuva ou frio, mostre-se alheio a tudo e feliz, exibindo um largo e incompreensível sorriso estampado no rosto.
Quem sabe ganharemos, então, mais um irmão motociclista para o nosso grupo.
Fernando Drummond

01 novembro 2007

O diagnostico



Estou feliz, o meu médico me deu uma ótima noticia, ele descobriu que a razão da minha enfermidade estava errada...


"E eu, que estava quase morrendo, pensando que era por causa da cachaça... Era o leite !!!" hehehe


Beijussss e abraçusss

27 outubro 2007

O celular

Trimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm,
Trinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn,
Trimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. (01:03)
Sobresaltado, atordoado, assustado, acordo e pego o meu celular e depois de conseguir ler o conteúdo da mensagem, coloco-o sobre a mesinha de cabeceira e ainda pensando em que responder, pego no sono novamente (acho que na verdade nem acordei realmente, ficou parecendo mais um PESADELO - não a mensagem e sim o susto).
Volto a dormir e quando já estou no sono profundo (mais ou menos uma hora depois)...
Trimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm,
Trinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn,
Trimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm.
Outro susto e pior, dessa feita, quase caio da cama, pois levantei sobresaltado e como estava bem próximo a beira da cama, por pouco não me estatelo no chão.
Agora acordo e envio uma mensagem, peço encarecidamente à remetente que conversemos quando amanhecer.
Vc pensa qu terminou... Não terminou não!!!
Com o susto perco o sono e quem diz que ele volta, viro pro lado, viro pro outro, viro pra cima, viro pra baixo, coloco os travesseiros em tudo o que é posição e NADA, cadê aquele soninho tão gostoso e tão precioso que eu estava a desfrutar (até sonhei!).
Conformado (sem nada para fazer) tenho uma idéia: VOU ME VINGAR (hahahaha) e às 3:40 envio uma mensagem perguntando por que ela não me respondeu, mas me dou mal ela ESTAVA ACORDADA e pior querendo conversar...
Desliguei o celular!

22 outubro 2007

A maior solidão

"A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.
Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

Vinícius de Moraes

Amigo

"Amigo vc não faz...Amigo vc recolhece!!!"


"De que mais precisa um homem senão de um amigo para ele gostar?
Um amigo bem seco, bem simples, desses que nem precisa falar, basta olhar;
Um desses que desmereça um pouco da amizade;
De um amigo pra paz e pra briga, um amigo de casa e de bar."


Vinicius de Moraes

02 agosto 2007

105 dias após a cirurgia


Hoje uma amiga me perguntou como estava a recuperação e resolvi escrever o que estou sentindo.

Quando comecei a físio, estava de bengala e bem "empenado" e bem desanimado. Entretanto com a ajuda da minha fisioterapeuta que é uma pessoa super animada e ótima profissional, mudei logo de estado de espírito e me dediquei com afinco à recuperação, no que resultou numa melhora "a olhos vistos" a cada dia.

Uma semana depois "larguei" a bengala mesmo ainda "empenado", mas já com mais confiança e de lá para cá, só teve melhoras.

Hoje estou praticamente "desempenado" rsrs.

Sei que não devo largar a fisioterapia até estar totalmente bem o que calculo que isso ocorra em um mês, no ritmo que vai.

Agradeço a todos que torceram pela minha plena recuperação e nunca vou esquece-los.

Brigaduuu!!!

03 julho 2007

75 dias pós-operatório



A minha recuperação estava indo bem e começaria ontem a fisioterapia específica para voltar a andar normalmente o mais rápido possível.
Entretanto aconteceu um incidente: domingo à noite, depois do jogo do Brasil, resolvi ir comprar uma pizza e na saída da pizzaria, acho agora devido a estar carregando a pizza em uma das mãos e na outra o refrigerante junto com a bengala, tropecei e me ESTATELEI no chão, bem em cima da perna da cirurgia. A dor foi alucinante aonde machuquei a perna, ralei muito o joelho, cotovelo, as mãos e ainda o dedão do pé que chutei um paralelepipedo, ficou em estado deplorável.
Após uma péssima noite em branco (lógico), fiz uma avaliação geral e resolvi ir ao médico para um exame mais profundo na segunda.
Após vários raios-X, o médico disse que foi somente uma luxação no pé esquerdo e que ficaria com um pequeno hematoma na perna e que também não teria afetado a cirurgia. Fiquei mais tranqüilo e apesar de estar todo dolorido, resolvi iniciar minha fisioterapia na segunda-feira mesmo.
Espero que daqui a umas duas semanas tenha uma resposta boa da minha "dolorida" musculatura.
Hoje fui trabalhar...

17 maio 2007

Viva, mas não complique...


"... Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o! "

(Fernando Pessoa)



Os poetas são os mensageiros das nossas emoções

e como magos conseguem passar para o papel e

descrever com precisão o que sentimos no fundo

das nossas almas.